Três critérios pedagógicos nos parecem essenciais para o sucesso da aprendizagem. São os seguintes:
1. Os professores precisam conhecer bem os alunos, em termos de suas capacidades, de seus conhecimentos, de seus interesses e de sua experiência anterior.
2. Os alunos precisam ser ajudados a atribuir um sentido pessoal às
tarefas e atividades de que participam.
3. As aulas devem ser organizadas de modo a estimular a participação e o esforço.
Os bons professores conseguem pôr em prática esses aspectos de maneiras diferentes, já que o ensino é uma atividade muito criativa, que pode ser realizada de diversas formas. No entanto, os bons professores baseiamse em geral, nos seguintes conceitos.
1. Finalidade
2. Variedade e escolha
3. Reflexão e análise
4. Utilização flexível de recursos
5. Cooperação
1. Finalidade
Quase sempre os alunos que não trabalham bem na aula ignoram a finalidade do que lhes foi pedido para fazer. Se lhes perguntar, respondem invariavelmente que estão fazendo aquilo porque o professor mandou. É na verdade surpreendente que crianças voluntariosas continuem a esforçar-se para realizar tarefas que lhe parecem inúteis. Aprender consiste em dar um sentido próprio à experiência. Requer a compreensão do que estamos fazendo e o relacionamento com conhecimentos e experiências anteriores. Desse modo, se não percebemos bem a finalidade de uma atividade, torna-se mais difícil aprender. Os bons professores procuram
fazer um trabalho que tenha sentido para as crianças. Encontram maneiras de ajudar os alunos a compreender para que servem as diferentes tarefas, as razões porque foram propostas, como devem ser realizadas e quando. Assim, os alunos são capazes de se responsabilizar por sua própria aprendizagem e portanto, de trabalhar para um objetivo que conhecem bem.
Bons professores encontram maneiras de manter toda a turma ocupada para poder estabelecer diálogo com um aluno ou um pequeno grupo a respeito do que estão fazendo e porquê. A esse respeito, a organização do tempo e dos recursos é evidentemente um aspecto fundamental, e voltaremos a insistir nele.
2. Variedade e escolha
O professor tem na sua frente um público "cativo" que é obrigado a estar ali. Apesar disso, o ensino assemelha-se de certa maneira a um espetáculo. A nossa tarefa como professores consiste, pelo menos em parte, em entreter os alunos. Se bem que seja necessário um certo desafio e pressão para motivar o esforço, o ensino eficaz também exige uma certa sedução da audiência. Sem dúvida contamos desde o início com algumas vantagens. Muitas crianças estão interessadas em aprender. Querem descobrir mais coisas sobre o mundo. Em geral, também estão interessadas em agradar ao professor e ter a aprovação dos colegas. É tarefa do professor despertar a sua curiosidade e desejo de reconhecimento, estimulando-as, informando-as e
orientando-as para assuntos e questões dignos de interesse. Um dos fatores-chave para captar o público, seja em que contexto for também na sala de aula, é a variedade. Ao falar em variedade referimo-nos tanto ao que se faz, como a maneira como se faz. Bons professores preparam
as aulas de modo a proporcionar aos alunos um conjunto de assuntos diferentes e uma variedade de contextos de aprendizagem. Também procuram oferecer materiais didáticos os mais variados possíveis.
3. Reflexão e análise
Já sublinhamos a importância de conhecer bem os alunos, suas capacidades, conhecimentos, interesses e atitudes e ainda suas experiências anteriores. Os professores aprendem a conhecer melhor seus alunos por meio de uma observação cuidadosa e de um controle sistemático dos seus progressos. Essa é outra capacidade dos professores bem sucedidos. Por meio de seus métodos de acompanhamento avaliam as decisões que tomaram com relação a cada aluno e também conversam com eles sobre a maneira como realizam os seus trabalhos.
É fundamental reconhecer a importância dessa forma de feedback. Os jovens aprendem por meio de seus sucessos e dos seus fracassos. Desse modo, o feedback dado pelo professor e pelos colegas pode fornecer orientação e estímulo para ajudar a obter melhores resultados. Convém,
especialmente, corrigir os erros o mais rapidamente possível para evitar que os alunos voltem a cometê-los. O trabalho de um aluno pode qualificar-se, em geral, de uma das seguintes maneiras:
• incorreto e mal compreendido;
• incorreto e descuidado;
• correto, mas inseguro;
• correto, rápido e seguro.
4. Utilização flexível de recursos
No ensino é fundamental a gestão do tempo, tanto o dos alunos como dos professores. Turmas bem organizadas são geridas de modo a facilitar uma utilização eficaz do tempo. Os materiais e equipamentos são guardados de modo a serem encontrados quando necessários, tornando assim os alunos relativamente independentes do professor.
Por outro lado, nas aulas menos organizadas os alunos dependem do professor para dispor dos materiais, para correções e para decisões sobre a orientação do trabalho. Desse modo, o tempo do professor é desperdiçado em questões de organização e administração de rotina.
Os dois recursos mais importantes da aprendizagem, em qualquer sala de aula, são o professor e os alunos. A utilização do seu tempo é, portanto decisiva para um ensino e uma aprendizagem eficazes. As dificuldades surgem geralmente quando se pede aos alunos para trabalhar de forma independente. O professor tem de assegurar que todos trabalhem adequadamente, e as crianças têm que resolver as possíveis dificuldades que encontram quando trabalham com menos indicações e supervisão. As atividades independentes permitem em geral que os alunos pratiquem e apliquem habilidades e conhecimentos anteriormente adquiridos.
5. Cooperação
Para os professores conseguirem tempo para tudo isso, é preciso serem capazes de utilizar o outro recurso principal da aprendizagem existente em qualquer aula: os alunos.
As idéias apresentadas nesse material de estudo partem do principio que as salas de aula são locais em que crianças e adultos são capazes de trabalhar em conjunto, partilhar idéias e apoiar-se mutuamente. Baseia-se no pressuposto já referido de que há dois recursos fundamentais para a aprendizagem: o professor e os alunos. Também se assume que os professores têm capacidade de organizar as suas aulas de forma a encorajar a cooperação.
É ainda habitual ver alunos trabalharem sozinhos na escola durante grande parte do dia. Muitas vezes estão sentados em grupo, mas é ainda bastante raro vê-los realizar tarefas em colaboração com os colegas. É difícil saber porque é assim, embora uma explicação possível seja que muitos
professores não receberam formação a respeito das formas de organizar trabalho de grupo na sala de aula.
29.9.06
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